sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dançar exige exclusividade, ou não?

Dançar combina com trabalhar fora? Desde que não pude fazer mais meus horários por deixar de trabalhar em casa, não tive tempo de me dedicar tanto à dança, ensaiar, pesquisar coisas novas, estudar, montar coreografias. Como disse para a minha prof: "Não dá para fazer amostra na aula, estou zoada". O que para dançar quer dizer pouca energia, o que determina a fluência e pulsação dos movimentos, alongamento comprometido, músculos tensos e paradoxalmente flácidos, sem pique para estudar novidades, nem tempo para a academia, o que faz uma grande diferença, principalmente aos 40 e poucos.
Meu HD cerebral e tempo útil ocupado com coisas do lar e trabalho... como me dá nos nervos, não ter tempo suficiente para me dedicar às coisas da dança. Posso deixar de ir ao cinema, de ver mostras de arte, mas da dança eu não desisto, embora há tempos não veja nada que não seja DV, nem o balé da cidade fui ver. O que me valeu muito foi a primeira apresentação da minha filha no balé. A prof dela montou uma bonita e criativa coreo sobre o chorinho Odeon, de Ernesto Nazareth. As meninas dançaram com acessórios e mostraram uma desenvoltura impressionante para baby class. Isso prova que a filha é minha mesmo. Foi lindinha a danada, superconcentrada, e no improviso de agradecimentos mostrou-se graciosa, feliz, espontânea. Um senso de responsabilidade precoce ao ficar firme até as fotos, embora cansada, para desabar de sono no carro, durante a volta. Observo-a curiosa a fim de garantir que essa vontade parta dela, sem pressão da minha parte, somente o estímulo quando necessário.
Chego a ficar quase feliz toda vez que saio de um emprego e penso: agora trabalhando em casa poderei me dedicar mais à dança. O que em parte é verdade, é também equívoco, pois em casa se trabalha mais. Quando trabalho fora tenho a nítida impressão de que estou lá para descansar, pois o trabalho mais a administração da casa in loco requer tanta energia!
Como disse antes, estava triste porém quase feliz por ter sido descadeirada do último trabalho, mas outra editora já me ligou, o mercado editorial está fervilhando louco por mão de obra para a qual não tenha de pagar direitos trabalhistas... Dai fiquei feliz, mas quase triste de novo.
Mas já decidi dançar no fim do ano zoada mesmo. Que Terpsícore seja compreensiva me ajude a superar a falta de dedicação que normalmente tenho.
Oh, my!, sinto que estou queixosa e cansada. É fim de ano, sei, e queria férias, mesmo sem ter sequer um emprego decente...