terça-feira, 6 de julho de 2010

Uma egípcia em minha aula!

Minha vida virtual anda lenta, mas a real vem às galopadas, e mal consigo dar conta de tudo, enfim... Estava dando uma aula para minha turminha iniciante e naquele dia ficou de vir fazer uma aula experimental uma prima do meu marido. Essa pessoa é uma caixinha de surpresas. Funcionária pública, católica praticante, a imagem da pessoa toda certinha, mas sai numa escola de samba do primeiro grupo há muitos anos aqui em Sampa. Naquele dia ela veio e disse que traria uma ou mais amigas, mas para minha surpresa trouxe uma senhora egípcia com quem faz aulas de yoga. Na hora pensei "Oh my God! Estava tendo um faniquito interno". Imagina, por mais segurança que eu tenha no que estou fazendo e por mais que tenha preparado a aula e tals. E por mais que a senhora egípcia dissesse que chegou aqui com 2 anos (carregando um forte sotaque)fiquei toda ouriçada, imagina a responsabilidade! Ela afirmou "Eu não danço, você sabe, nas festas contratamos bailarinas, mas vim acompanhar a minha amiga para uma aula". Afinal, ela é uma senhora de família, e não pega bem dançar.
Dali a pouco ela totalmente à vontade, embora desconhecesse a existência da Dina, da Raquia Rassan e que existe uma música clássica famosa com o nome dela: Hal Leyla wa Leyla, passou a me explicar algumas expressões do idioma e era shucran, yalla! Muito animada, ela não esperava meu direcionamento de braços nos exercícios de shimmies, como as outras. Ia colocando uns braços espontâneos e harmônicos do jeitinho dela. Nos pas-de-burres ia virando espontanemanete o corpo na diagonal pra lá e pra cá, antes de eu falar e seguindo os acentos da música, uma graça!
Em dado momento o assunto caiu em "então nessa hora o pessoal coloca dinheiro no cinturão da bailarina" e olhou pra mim como inquirindo "E aí, vc encararia?" Rapidinho já tratei de explicar que eu não me apresentava dessa forma, que dançava em reuniões de amigos, festas da escola e só. E que desconhecia bailarinas que aceitassem esse tipo de "gorjeta". Ela insistiu que nas festas árabes essa é uma prática aceita e no Egito também.
A não ser na casa da madame Lucy, no Cairo, nunca vi nenhum vídeo nem ouvi falar de nenhuma bailarina conhecida aceitando que colocassem dinheiro em seu cinto. Isso me parece mais coisa de streapper, com todo respeito a esse trabalho.
Ela me deixou a indicação de um filme que havia visto Tudo que Lola quiser, sobre uma aluna de dança que vai para o Egito e se apaixona pelo universo bellydancer, guiada por uma mestra da dança, que fictícia, não é nenhuma das mais poderosas conhecidas. Afinal, a protagonista é a loirinha. Ainda não assisti, mas há uma resenha completa aqui.
Terminada a aula a dona Leyla só falava em restaurantes árabes e queria nos arrastar para comer alguma coisa em algum deles. Acho que o apego cultural dela está mais ligado à comida do que à dança.
Em dado momento ela elogiou minha postura, fazendo um comentário qualquer sobre balé clássico. Fiquei cismada pensando se vindo de uma egípcia isso seria um elogio ou o contrário! Ai! Enfim, eu sabia que ela não faria as aulas, que estava lá mesmo só por diversão naquele dia, mas que seria muito legal ter uma egípcia na turma ah isso seria.